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TUTMOSE I - FARAÓ DA OPRESSÃO DOS HEBREUS NO EGITO?

Êxodo - 30/06/2020 , ESTUDOS

Figura: Uma cabeça de pedra, provavelmente representando Tutmose I, no Museu Britânico


do livro "Um Estudo Bibliográfico do Êxodo"

Editora Autografia

Tutmose I 

 

            Shaw (2003)[1] descreve que o pai de Tutmose I (1504-1492 a.C.), é desconhecido e que sua mãe era chamada de Seniseneb, um nome bastante comum.    O parentesco de sua mãe também é desconhecido e ela não possuía títulos que indicasse uma ascendência real, apenas chamada de “mãe do rei”.    David, (2003)[2] traz uma certa luz a esta questão informando que Thutmose I era um filho de Amenhotep I com sua esposa (concubina) não real, Seniseneb, porém as incertezas permanecem.   Shaw (2003) nos diz que a principal esposa de Tutmose I era Ahmes ou Ahmose, que tinha os títulos de “Irmã do Rei” e “Grande Esposa Real” e especula que ela poderia ser irmã de Tutmose I, o que seria uma tentativa do rei de tentar recriar a situação de reinos anteriores onde reis casavam com suas irmãs, o que facilitaria sua ascensão ao trono.    Grimal (2005)[3] demonstra em tabela a árvore genealógica de parte da 18ª dinastia e apresenta Ahmes com provável parentesco com Amenhotep I ou com o faraó Ahmose e a rainha Nefertari. 

            Budge (1902)[4],informa que a rainha Ahmose (Ahmes) teve duas filhas, uma a famosa rainha Hatshepsut e outra chamada de Neferu-Khebit e mais dois filhos Uatchmes e Amenmes.    David (2003) declara que Thutmose I teve de reivindicar seu trono através do casamento com a princesa Ahmose (Ahmes), irmã de Amenhotep I.    A mais provável conclusão é que Thutmose I era filho de Seniseheb, provável concubina de Amenhotep I e casa com Ahmose (Ahmes), membra da família real e princesa podendo ser com grande probabilidade irmã de Amenhotep I e uma meia irmã de Thutmose I.    Shaw (2003), revela que Thutmose I demonstrou interesse na exploração militar e econômica da Núbia, obtendo grandes vitórias e depois levando seus exércitos para a Síria, abrindo novos horizontes que mais tarde levaram o Egito ao importante papel no comércio e diplomacia no Oriente Próximo.

            Em seu governo uma série de projetos de construção aconteceram, deixando monumentos e inscrições em vários sites; Núbia superior e inferior, instalações de tijolos na região do Kenisa e em Napata, edifícios na ilha de Sai, Semma, Buhen, Aniba, Quban, Qasr Ibrim e dentro das fronteiras do Egito, construções em Elefantina, Armant, Tebas, Ombos, Abidos, el-Hiba, Menfis e Giza.    David (2003) refere-se a Thutmose I como um grande guerreiro e faz menção que sua tumba é a primeira no Vale dos Reis em Tebas.  Existe uma grande probabilidade de Thutmose I, ser o autor do decreto que ordenou o infanticídio narrado em Êxodo 1.22.

A escravização foi apenas parcialmente eficaz, então faraó decidiu decretar uma política mais agressiva, a saber, o infanticídio. Não deve ser considerado que os Israelitas tinham apenas duas parteiras (literalmente: aquelas que ajudam a suportar). Muito provavelmente, por causa do número de israelitas, essas duas mulheres eram as principais administradoras de uma organização de parteiras. A instrução real foi explicita; (...). No entanto, as parteiras que temiam a Deus mais do que as leis terrenas, apesar de ser um monarca, não obedeceram a sua ordem. Então elas (Sifrá e Puá, Ex. 1.15) foram chamadas para responder por sua má conduta. Essas parteiras responderam que as esposas hebraicas tinham o parto tão rapidamente que, antes das parteiras chegarem, os bebês já tinham nascido. (...) Faraó não as puniu por sua incapacidade de efetuar sua política. (...) O Faraó então promulgou uma política aberta e mais agressiva para conter o aumento numérico dos Israelitas. Não conseguindo limitar o crescimento do povo secretamente através das parteiras hebraicas, Faraó ordenou ao seu próprio povo que policiasse o decreto. Então a opressão contra os israelitas se aprofundou (...) (Walvoord, 1983, p. 109)

            Josefo (2004, pág. 90) também corrobora com o fato do infanticídio, sem é claro determinar o governante, quando diz que, “O rei, assustado com a predição e seguindo o conselho daquele que lhe fazia essa advertência, publicou um edito pelo qual ordenava que se deveriam afogar todas as crianças hebreias do sexo masculino e ordenou às parteiras do Egito que observassem exatamente quando as mulheres fossem dar à luz, porque não confiava nas parteiras de sua nação. Esse edito ordenava também que aqueles que se atrevessem a salvar ou criar alguma dessas crianças seriam castigados com a pena de morte, juntamente com toda a família”.

 

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[1] Shaw, 2003, pg. 220, 221

[2] David, 2003, pg. 65,66

[3] Grimal, 2005, pg. 190

[4] Budge, 1902, pg. 209