Bíblia & História & Arqueologia

OPRESSÃO E ESCRAVIDÃO DOS HEBREUS NO EGITO

Êxodo - 03/02/2020 , ESTUDOS

Do livro "Um Estudo Bibliográfico do Êxodo", cap. 5

“Sendo, pois, José falecido, e todos os seus irmãos, e toda aquela geração, os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles. Depois, levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José, o qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito e mais poderoso do que nós. Eia, usemos sabiamente para com ele, para que não se multiplique, e aconteça que, vindo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós, e suba da terra. E os egípcios puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. E edificaram a Faraó cidades armazéns, Pitom e Ramsés. Mas, quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel. E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; assim, lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo, com todo o seu serviço, em que os serviam com dureza. ” (Êxodo 1.6-14)
     É verificável que desde os reinos de Senuseret II e Senuseret III, os hebreus gozaram de um próspero período de paz onde frutificaram, multiplicaram-se e se fortaleceram, passando de um nomo familiar para um povo numeroso e grande. Este próspero período de paz é historicamente alinhado na egiptologia desde a chegada de asiáticos ao Egito até a ascensão dos hicsos, os quais tornaram-se governantes do Baixo Egito, tendo por capital a cidade de Avaris e com uma posição política de amistosidade, tomada por eles em relação a outros povos asiáticos, inclusive os hebreus. De aproximadamente 1885 a.C., quando José torna-se Vizir no Egito a 1550 a.C. com a derrota de Apepi, último grande governante hicso da 15ª dinastia, passam-se 3 séculos. Este período será drasticamente encerrado com a ascensão de novos monarcas “nativamente egípcios” os quais tem o desejo de expulsar os hicsos e unificar mais uma vez o Egito. É esta sequência de fatos da história egípcia que demonstrará de maneira muito clara o processo de opressão e escravidão dos hebreus no Egito e, para isto, será analisada a sequência histórica e cronológica dos reis sucessores e a harmonização dos fatos em tempo com o terceiro macroevento, a “opressão e escravidão dos hebreus neste período”.

     Taa Seqenenre

     Após 150 anos de domínio dos hicsos sobre o Egito (1650-1550 a.C.), Taa Seqenenre (Senakhtenra) se rebelou (aprox. 1560 a.C.). Ele era príncipe egípcio de uma jurisdição no alto Egito e vassalo dos hicsos a quem deveria pagar tributos. Neste período, nasceu uma hostilidade entre os egípcios nativos de Tebas e os hicsos. David (2003, p88) declara que “No final deste período, alguma hostilidade parece ter se desenvolvido entre os hicsos e a população nativa. Estrangeiros foram usados cada vez mais para administrar o Egito e isso pode ter levado ao ressentimento.” O registro da rebelião de Seqenenre aparece num relato lendário de uma data posterior e não reveo sucesso ou o fracasso da tentativa dele em restaurar a independência do Egito, fato é que sua múmia mostra terríveis feridas na cabeça, possivelmente recebidas no campo de batalha enquanto lutava contra os hicsos.

     Um papiro escrito no reinado do governante da 19ª dinastia Merenptah (1213-1203 a.C.), cerca de 350 anos depois, preserva fragmentos da história de uma discussão entre Seqenenre e Apepi. Seqenenre é descrito como o “Príncipe da Cidade do Sul”, enquanto Apepi é rei (nesu), a quem todo o Egito rende tributo (...) (Shaw, 2003, P. 198).           A múmia de Seqenenre Ta’a II foi salva de pilhagem no tempo de Ramsés IX e foi colocada juntamente com outras relíquias reais ameaçadas, no esconderijo descoberto em 1881 por Gaston Maspero, o corpo tem as marcas de uma morte violenta, provando evidências da hostilidade entre o norte e o sul. Existem dois registros sobreviventes sobre o conflito (Grimal, 2005, p. 190,191) (...)