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O VELHO REINO

História do Egito Antigo - 22/06/2020 , ESTUDOS - PARTE IV

Resenha resumo do livro: SHAW, IAN. The Oxford History of Ancient Egypt. 1ª Edição. United States, New York: Oxford University Press Inc., 2003. 525p

          O termo Velho Reino foi imposto na cronologia Egípcia pelos historiadores do século dezenove.  O faraó Djoser tem uma impressionante contribuição na edificação da arquitetura real funerária.  Este período reflete uma grande organização estatal, projetos de edificação e com profundos efeitos na economia e sociedade do Egito.  Esta notável mudança é o motivo da divisão do “Primeiro Período Dinástico” e o “Velho Reino”.   Ao se considerar as principais características cronológicas ligadas a este período, tem-se informações providas pela Lista Ramessídica de Reis[1] escrita em papiro e a qual encontra-se no Museu Egípcio de Turin.  As datas não são tão seguras e estudos baseados em observações astronômicas mais contemporâneas ao período, e cálculos feitos para outros períodos podem mudar a posição relativa do Velho Reino no esquema cronológico da história do Egito antigo.  O grau de confiabilidade com que se credita as fontes antigas e ao conhecimento do sistema de datação do Egito antigo, são muito importantes para esta avaliação da cronologia do Velho Reino.  Durante o Velho Reino, o Egito experimentou um longo e ininterrupto período de prosperidade econômica e estabilidade política, em continuação com o Primeiro Período Dinástico.   Rapidamente cresceu uma organização e centralização do poder estatal com base na crença de um rei dotado de qualidade e poderes sobrenaturais.  O Egito apreciou quase que uma alto suficiência e proteção de suas fronteiras naturais e não haviam rivais externos.  Avanços nas ideias religiosas foram refletidas no avanço das artes e na arquitetura.

            A larga escala dos projetos de edificação são catalizadores deste novo período.  O rei Djoser, é conhecido pelos seus monumentos como a sua estátua, Ntjerikhet, que indica o deus Horus e o nome Nebty. 

 

Figura 6: Estátua de Djoser em calcáreo. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Djoser#/media/File:Djoser_statue.jpg

 

            Djoser é um dos mais famosos governantes da história do Egito antigo.  No cânon de Turim, seu nome é precedido por uma rubrica em tinta vermelha. Nos anais preservados na Pedra de Palermo existe o registro da construção de uma edificação de pedra chamada de Men-netjeret no reinado de Khaseakhemwy, o ultimo rei da 2ª dinastia se referindo a Djoser como predecessor (2.686 a.C. – 2667 a.C.).  Apesar de não haver muito conhecimento sobre esta estrutura, é grande a chance desta, ser a estrutura conhecida como Girs el-Mudir[2] (Cerco do Chefe), no norte de Saqqara e ao sudeste da pirâmide de Djoser.  É de Djoser o crédito pelo sucesso na construção do primeiro edifício de pedra feito no mundo.  A superestrutura da tumba de Djoser é o resultado de seis variantes de plantas adotadas por sua vez com o potencial dos novos materiais utilizados na edificação.  Antes de Nebka e Djoser, blocos de pedra tinham utilização limitada pelos tijolos de barro mais usados nas tumbas.  A estrutura final é uma pirâmide de 6 degraus, com sua planta medindo 140 m x 118 m e altura de 60 metros.

            A pirâmide fica dentro de um recinto medindo 545 m x 277 m.  É notável este recinto, um complexo, com santuários e outras edificações.  Tradicionalmente é tido que Imhotep foi o arquiteto da pirâmide de Djoser e inventor da edificação em pedra.  Mais tarde ele foi deificado e considerado como filho do deus Ptah e o patrono dos escribas e médicos, igualando-se com o deus Grego Asclépio.  Sua historicidade foi confirmada pela descoberta na base de uma estátua de Djoser, seu nome.   O monumental esforço para a construção de uma edificação apropriada a sepultura real pode ser verificado cedo no reinado de Djoser e isto reflete a visão prevalecente neste tempo da posição do rei na sociedade.  Esta visão pode ter sido poderosamente fortalecida na expressão da arquitetura funerária. 

 

Figura 7: Pirâmide de Djoser. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Gisr_el-Mudir

 


[1] O templo memorial de Ramsés II , também chamado simplesmente Ramesseum, contém uma pequena lista de faraós do Egito antigo. A cena com a lista foi publicada pela primeira vez por Jean-Francois Champollion em 1845, [1] e por Karl Richard Lepsius quatro anos depois.  Referência: https://en.wikipedia.org/wiki/Ramesseum_king_list

[2] Estudiosos atribuem a estrutura a Khasekhemwy devido às semelhanças com seu recinto em Abydos, Shunet el-Zebib , e também porque a construção de um edifício de pedra chamado Men-Netjereté atribuído a ele na pedra de Palermo, que parece se encaixar cronologicamente com a construção de Gisr el-Mudir. [2] [5] A estrutura retangular provavelmente representa um estágio de transição entre os recintos de Abydos e o complexo da pirâmide de degraus de Djoser. Referência: https://en.wikipedia.org/wiki/Gisr_el-Mudir.