Bíblia & História & Arqueologia

A CHEGADA DE JACÓ E SUA FAMÃLIA NO EGITO 1876 a.C.

Êxodo - 18/01/2020 , Estudos

Do livro "Um Estudo Bibliográfico do Êxodo"

 “Estes, pois, são os nomes dos filhos de Israel, que entraram no Egito com Jacó; cada um entrou com sua casa: Ruben, Simeão, Levi e Judá; Issacar, Zebulom e Benjamim; Dã, Naftali, Gade e Aser. Todas as almas, pois, que descenderam de Jacó foram setenta almas; José, porém, estava no Egito.” (Êxodo, 1.1-5)

     Esta é a saga da família de Jacó em sua jornada da terra de Canaã para o Egito narrada na Bíblia Sagrada e também o primeiro macroevento a ser estudado. A terra de Canaã estava sendo assolada por terrível seca que poria em risco a sobrevivência da família de Jacó, havendo ainda o fato de Canaã ser uma terra habitada por povos altamente pagãos, envolvidos em conflitos e guerras intermináveis, o que toda esta problemática poderia ser nefasta para o futuro da nova nação. José estava no Egito e, por mão de Deus, após anos de sofrimento e prova, havia se tornado Vizir e Primeiro Ministro de Faraó, o que, por esta ocasião, após encontros com seus irmãos e a revelação de sua identidade, pede para seu pai vir com toda a família morar no Egito, e assim Jacó, sob a direção de Deus, parte de Canaã para a terra dos faraós. Todo este fato ocorreu em aproximadamente 1.876 a.C., no tempo em que governavam os Faraós Senuseret II e Senuseret III, durante a 12ª dinastia no Reino Médio Egípcio.

     
     “E tomaram o seu gado e a sua fazenda que tinham adquirido na terra de Canaã e vieram ao Egito, Jacó e toda a sua semente com ele. Os seus filhos, e os filhos de seus filhos com ele, as suas filhas, e as filhas de seus filhos, e toda a sua semente levou consigo ao Egito.” (Gên. 46.6,7)
     Gênesis 46.6,7 aponta que Jacó levou consigo para o Egito seus filhos, seus netos, suas filhas e suas netas, isto é, todos seus descendentes. Ao final do texto, é contado setenta almas, compreendendo 12 filhos, 50 netos, 4 bisnetos, José e seus dois filhos no Egito e o próprio Jacó. Deve-se observar que as noras, apesar de pertencerem ao clã, não foram contadas em virtude do costume antigo de se contar os descendentes diretos. A família de Jacó foi assim morar no melhor da terra do Egito, em uma região chamada de Gósen.

     “E José fez habitar a seu pai e seus irmãos e deu-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramsés, como Faraó ordenara.” (Gên. 47.11)

     “Assim, habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen, e nela tomaram possessão, e frutificaram, e multiplicaram-se muito.” (Gên. 47.27)

     Quanto à chegada de Jacó e sua família ao Egito, pode-se iniciar, fazendo-se recorrer à pesquisa do egiptólogo britânico e catedrático de arqueologia egípcia Ian Shaw, escritor de vários livros, dentre eles “The Oxford History of Ancient Egypt”, que concentrou seus trabalhos principalmente em Amarna (antiga Avaris). Declara neste livro que existem numerosas referências arqueológicas da chegada de diversos povos asiáticos em período anterior ao segundo período intermediário, já na 12ª dinastia entre os anos de 1985-1773 a.C.

     As referências aos asiáticos são numerosas no Médio Reino: eles trabalhavam em uma variedade de ocupações, às vezes adotando nomes egípcios, mantendo a designação “asiática”(aamu). Esses imigrantes foram considerados migrantes econômicos (...) (Shaw, 2003, P. 157)
     Shaw (2003)7 cita o empreendedorismo de Amenemhat III, filho único de Senusret (1831 - 1786 a.C.), que se aproveitando de um longo período de paz em seu reinado, fortaleceu a fronteira de Semma, ampliou fortalezas, construiu numerosos santuários e templos e uma enorme estrutura em Biahmu. Numerosas inscrições registram atividade de mineração na região do Sinai onde oficiais do rei trabalhavam na extração de turquesa e cobre. Esta próspera fonte de trabalho e renda, subsidiada pela extensiva construção de edifícios, atraiu a chegada de grandes contingentes de povos asiáticos (aamu, setjetiu, mentijiu ou tetjenu), o que pode ter sido um fator de encorajamento da chegada dos hicsos e sua posterior ascensão como senhores do baixo Egito.

     Ironicamente, a grande entrada de asiáticos, o que parece ter ocorrido em parte para subsidiar o extenso trabalho de construção pode ter encorajado os chamados hicsos a se instalarem no Delta (...) (Shaw, 2003, P. 157)

     Shaw (2003)8 revela que aamu foi um termo (...)   COMPREO O LIVRO EBOOK EM: LIVROS